Blog Cervejeiro!

"Com o objetivo de informar, esclarecer, divulgar e compartilhar idéias, experiências, passeios e descobertas desse universo fascinante dos maltes fermentados e do mundo gatronômico."

30 dezembro, 2006

Pauwel Kwak

Para fechar (por enquanto) os 'posts' de cervejas Belgas vamos falar sobre a 'Kwak'. O nome é estranho, e o copo mais ainda e como toda boa cerveja ela também possui sua historia. A 'Kwak' recebeu esse nome para homenagear 'Pauwel Kawk' que foi proprietário e mestre cervejeiro da 'Cervejaria De Hoorn'inn' (na região de Dendermonde) por volta de 1791. Sua cervejaria era famosa entre os cocheiros da época, porem pela lei local os cocheiros não podiam deixar as carruagens e seus cavalos pelas ruas para poder ir tomar sua cervejinha diária. E qual foi o resultado disso tudo?? Pauwel Kwak então inventou um copo que poderia ser acoplado a um suporte instalado na carruagem e assim todos os cocheiros que estivessem com sede poderiam levar seus copos ate a porta da cervejaria e pedir para ele ser preenchido com esse liquido maravilhoso, sem sofrer punições.

Hoje em dia a 'Kwak' é fabricada pela família de cervejeiros 'Bosteels' de Buggenhout na Bélgica (os mesmos responsáveis pela fabricação da 'Tripel Karmeliet' e da 'Deus'), e segue a mesma tradição do copo na hora de ser servida, tudo isso para manter seu sabor e personalidade que ficaram conhecidos na época de 'Napoleão'.

Bom, a 'Kwak' é produzida com três tipo de malte, entre eles o malte de cevada tostado o que confere a cerveja uma cor âmbar, profunda e luminosa, puxando bastante para o caramelo e a misturado a cor pálida do suporte do copo proporciona um contraste único à cerveja. Seu aroma predominante é do malte porem frutado e ligeiramente adocicado, lembrando banana flambada(??), e um fundo de manga e abacaxi e ao mesmo tempo floral graças ao lúpulo e as sementes de coentro adicionados na receita. Essa 'Strong Ale Belga' mostra seu poder mesmo após seu primeiro gole, com seus 8%ABV de teor alcoólico e colarinho escuro, e de boa duração agregados ao sabor também levemente adocicado lembrando mais ainda na boca a banana flambada do que no nariz e marcado também pelo malte, seguido de um amargor equilibrado que vai surgindo aos poucos. Uma cerveja única que merece ser apreciada ao menos uma vez na vida.

Ein Prosit!

29 dezembro, 2006

Duvel

Continuando na Bélgica, mas saindo por enquanto dos conventos e mosteiros e partindo para a outra ponta desse universo religioso, vamos falar um pouco do Diabo.

É isso mesmo já que em flamengo 'Duvel' significa Diabo, nome dado após um operário da fabrica que ao bebê-la pela primeira vez gritou "É um Diabo de cerveja!!!". Mas sua historia não para por ai. Quando a moda na Bélgica eram as cervejas do estilo Inglês, por volta de 1870 (geralmente cervejas escuras puxando do marrom-avermelhado ao preto) a família proprietária da Cervejaria Moortgat (fabricantes da Duvel) decidiu reformular sua cerveja. Mantiveram o fermento Escocês e a 'Alta fermentação' mas trocaram os maltes para chegar à cor dourada de uma cerveja 'Larger', e adicionaram a cerveja lúpulos típicos das 'English Ale' (Styrian Goldings) e de 'Largers' (Saaz). Tudo isso para quebrar conceitos, é o caso da cerveja escura que se transformou em ouro.

Eis uma cerveja de suavidade ilusória, mentirosa como o próprio Lúcifer. Uma das mais populares em seu país de origem. E ninguém sabe fazer cerveja como eles, ao contrário do que quer nos quer fazer pensar os novos anúncios das mega-cervejarias Brasileiras (se é que podemos classificar algumas marcas como cerveja). Mas, vamos deixar as miudezas pra lá, pois estamos falando de uma grande aqui.

Produzida com os melhores ingredientes da Europa, seu processo de fermentação é bastante complexo, realizado em três etapas, com uma sucessão de fermentação quente e fria e a última fase realizada na própria garrafa, já sua maturação dura entre três a quatro meses, nada modesta.
Essa cerveja do estilo 'Strong Golden Ale' se apresenta dourada como o mel e forma uma espuma densa, rica e persistente, que ao se desfazer deixa uma suave lembrança de pêra na boca seguida de um amargor equilibrado. Porem essa suavidade é logo quebrada com a vinda do segundo gole. A 'Duvel' borbulha como champagne, o sabor do malte vai crescendo e aliado a seu aroma floral e frutado (com passagens por maçã, laranja e pêra), faz a cerveja se revelar e então os seus 8,5%ABV de teor alcoólico aparecem e logo lhe fazem entender o porque do seu nome. Uma tentação, sem dúvida.

Ein Prosit!

10 dezembro, 2006

Tripel Karmeliet

O mundo certamente seria um lugar mais triste sem as Freirinhas Belgas. Calma, eu não virei crente e nem ando vendo pornôs bizarros, mas o convento Belga de Freiras da Ordem Carmelita prestou um ótimo serviço à humanidade com essa cerveja. Estamos falando nada mais nada menos que a famosa 'Tripel Karmeliet'. É uma cerveja que tem verdadeiros e incondicionais adoradores, dadas as suas características tão particulares.

Hoje ela é fabricada por uma família de cervejeiros (Família Bosteels de Buggenhout na Bélgica) que pagam os devidos royalties às religiosas pelo uso da fórmula centenária. Seguindo a receita de 1679 chegam a uma mistura única de três tipos de grãos: Cevada, Trigo e Aveia. Mas não para por ai os três entram na receita em uma combinação única de maltados e não-maltados, ou seja, acabam na verdade sendo seis tipos diferentes de cereais. Além dessa peculiaridade, sua receita ainda leva sementes de coentro e cascas de laranja, sem contar os quatro tipos de lúpulo, sem igual.

Essa combinação toda digna de um verdadeiro alquimista produz uma cerveja como o próprio nome diz do estilo 'Tripel' de alta fermentação seguida de refermentação dentro da garrafa. Com seus 8,0%ABV de teor alcoólico, possui um dos aromas mais límpidos que eu já senti, suave, frutado e complexo, passando por baunilha, banana, misturado com aromas cítricos. De cor dourada/bronze, espuma branca, volumosa, densa e persistente. O seu sabor é igualmente suave, intenso, contagiando a boca toda. Levemente adocicado, misturando a leveza do trigo com a cremosidade da aveia, com um fundo picante, cítrico e ao mesmo tempo seco, marcante dês de o primeiro gole. Uma mistura de sabores sem igual.

É uma cerveja que deve ser conhecida, pela sua importância, fama, singularidade e complexidade. Experimente e tire suas próprias conclusões. Amantes dela por aí não faltam e claro que após prová-la me tornei um.

Ein Prosit!